(Continuação da parte V)
O cristão e a Lei Áurea: Entre a liberdade e a escravidão – Parte VI – Guardar o sábado ou o domingo?
a) A santificação e guarda do sábado – A Lei previa a guarda do sábado PARA OS ISRAELITAS, que se iniciava ao anoitecer da sexta-feira indo até ao anoitecer do sábado (o sábado judaico), portanto diferente da contagem feita em nosso calendário e relógio, cujo dia se inicia a 00:00h (zero hora, ou meia-noite). Os defensores da guarda do sábado (denominados sabatistas) alegam que tal ordenança é anterior a Lei Mosaica, tendo sido estabelecida por Deus na criação do mundo, conforme descrito em Gênesis 2. Entretanto, quando analisamos os argumentos dos sabatistas, verificamos que recorrem à Lei para mostrar como uma pessoa deve se comportar durante o sábado, usando as instruções da Lei Mosaica para dizer o que se pode ou não se pode fazer. Ou seja, ainda que defendam a instituição da guarda do sábado como anterior à Lei, é na Lei que fundamentam sua observância prática (o que pode ou não fazer). A posição oficial da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia) pode ser verificada aqui .
b) A santificação e guarda do domingo – A grande maioria dos cristãos adotou o domingo como o ‘dia do descanso’ (também chamado de ‘sábado cristão’), entendendo que a guarda do sábado é ordenança da Lei que se encerra em Cristo, e que a igreja primitiva começara a se reunir no primeiro dia da semana, o domingo, o dia da ressurreição, conforme Marcos 16:9, Atos 20:7, 1Coríntios 16:2 e Apocalipse 1:10. Contudo, ao longo da história se percebe que o domingo acabou se transformando de fato no ‘sábado cristão’, um dia cheio de formalismos e obrigações começando pela obrigatoriedade de se comparecer na ‘casa de Deus’, a igreja de pedra, onde, na prática, se diz habitar Deus, sendo considerado ‘pecado capital’ deixar de ali comparecer (quando digo ‘pecado capital’ me refiro à prática bastante comum de se excluir do rol de membros o ausente contumaz). O domingo se transformou no dia de ‘culto ao Senhor’, e este culto foi sendo revestido de uma série de formalidades, ordenanças, regras, doutrinas, usos e costumes tão escravizantes quanto o sábado judaico, já que deixar de cumprir qualquer dos preceitos estabelecidos caracterizaria desobediência à lei denominacional.