O repórter Edmar Morel registra em seu livro, publicado em 1959, A Revolta da Chibata, o depoimento de Eurico Fogo – que assento praça no Corpo de Marinheiros Nacionais em 1898 e deu baixa como 2º sargento – em que ilustra o desumano castigo a que eram submetidos os marinheiros brasileiros até 1910: “O bandido (carrasco) apanhava uma corda mediana, de linho, atravessava-a com pequenas agulhas de aço, das mais resistentes e, para inchar a corda, punha-a de molho com o fim de aparecer apenas as pontas das agulhas. A guarnição formava e vinha o marinheiro faltoso algemado. O comandante, depois do toque de silêncio, lia uma proclamação. Tiravam as algemas das mãos do infeliz, o suspendiam nu da cintura para cima no pé do carneiro – ferro que se prende à balaustrada do navio. E, então, Alípio, o mestre do trágico cerimonial, começava a aplicar os golpes. O sangue escorria. O paciente gemia, suplicava, mas o facínora prosseguia carniceiramente o seu mister degradante”. Cabe destacar que as marinhas de outros países e até o Exército do Brasil já tinham abolido a prática da chibata como punição disciplinar.